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Erros que aparecem na obra quando falta o projeto estrutural e como evitá-los

projeto estrutural

Começar uma obra sem projeto estrutural é um risco que costuma sair caro. No início tudo parece controlável, as decisões são “soluções rápidas” tomadas no canteiro, mas pouco a pouco os sinais aparecem: fissuras nas paredes, viga improvisada, fundação que assenta diferente em cada canto. O que parecia economia no início vira quebra de orçamento, atraso e muita dor de cabeça.


Este texto explica, com base em estudos técnicos, quais são os principais erros que aparecem na execução sem projeto estrutural, por que eles ocorrem e o que cada proprietário pode fazer para evitar esse pesadelo.


1. Fundação mal dimensionada e recalques diferenciais


A fundação é a base da sua casa. Sem um projeto estrutural que considere o tipo de solo, carga prevista e profundidade adequada, as fundações podem ser superdimensionadas ou, pior, subdimensionadas. Em solos com variação de resistência, isso provoca recalques diferenciais: partes da construção afundam mais que outras, gerando fissuras e desalinhamentos.


Estudos de caso mostram que obras executadas a partir do "saber do mestre de obras" frequentemente não obedecem normas técnicas mínimas, exigindo depois a elaboração de um novo projeto corretivo e aumento de custos significativos.


2. Pilares e vigas colocados no lugar errado


Sem o projeto estrutural, posicionamento de pilares e vigas vira decisão improvisada. Às vezes o pilar entra onde o arquiteto havia previsto um vão para circulação ou armário. Isso força alterações que prejudicam tanto a estética quanto a estabilidade. Reposicionar elementos estruturais durante a obra costuma exigir corte de lajes, reforços e substituição de armários e acabamentos, elevando os custos e o tempo de entrega.


A ausência de compatibilização entre projetos (arquitetônico, estrutural, hidrossanitário) é uma fonte recorrente de conflitos que geram retrabalho e compras extras. Pesquisas acadêmicas apontam que a falta de compatibilização provoca aumentos significativos no consumo de materiais e atrasos nas obras.


3. Consumo de material fora do controle: desperdício ou falta


Um projeto estruturado define precisamente a quantidade de aço e concreto, os diâmetros de vergalhões e as quantidades de formas. Na prática, sem esse documento você ver o canteiro pedindo sempre "um pouco mais" ou encontrando falta de ferro no momento da concretagem. Essa improvisação gera dois problemas: gasto desnecessário por superdimensionamento e risco por subdimensionamento.


Análises econômicas mostram que o custo do projeto estrutural é pequeno diante do impacto financeiro de correções e retrabalhos. O investimento na fase de projeto praticamente se paga ao evitar desperdícios e gastos emergenciais.


4. Fissuras e perda de durabilidade do concreto


Fissuras são a manifestação mais visível de que algo não está bem. Elas podem ser superficiais ou indicar problemas mais sérios na estrutura. Estudos sobre patologia do concreto mostram que fissuras aumentam a permeabilidade, aceleram a corrosão das armaduras e reduzem a vida útil do elemento estrutural.


Detectar fissuras precocemente, com técnicas como ensaios não destrutivos, e entender sua profundidade e origem é essencial para decidir entre reparo localizado ou intervenção estrutural.


5. Falta de controle de qualidade e execução inadequada


Sem o projeto, também desaparece um parâmetro objetivo de aceitação. Quem fiscaliza se o concreto foi lançado conforme especificação, se o cobrimento das armaduras foi respeitado, se o cura foi bem feita?


A ausência de documentação técnica eleva a probabilidade de falhas de execução. Trabalhos acadêmicos e relatórios de perícia apontam que muitas patologias poderiam ser evitadas com fiscalização técnica e controle da execução conforme o projeto.


Como essas falhas afetam o seu bolso e o prazo


Quando o projeto falta, os custos que parecem economizados no início reaparecem multiplicados no cronograma. Materiais adicionais, equipes para retrabalho, paralisações, atrasos no cronograma e perdas com acabamentos danificados somam mais que o custo do projeto estrutural. Além do impacto financeiro, existe o custo intangível: estresse, mudança de planos e confiança abalada no profissional contratado.


O que fazer para evitar esses erros


  1. Contrate um engenheiro civil para elaborar o projeto estrutural antes de qualquer escavação.

  2. Exija compatibilização entre projeto arquitetônico e projetos complementares. A diferença entre "funcionar no papel" e "funcionar na obra" está nesse ajuste prévio.

  3. Solicite memorial de cálculo, plantas de armação e lista de quantitativos. Esses documentos orientam o canteiro e servem de parâmetro para fiscalização.

  4. Faça acompanhamento técnico durante as etapas críticas: fundação, armação e concretagem. Inspeções pontuais reduzem riscos de execução fora do projeto.

  5. Em caso de sinais como fissuras novas ou aumento de trincas, peça uma avaliação com ensaios não destrutivos antes de mascarar o problema com reboco. Métodos como ultrassom e monitoramento de fissuras ajudam a diagnosticar gravidade.


Conclusão - Projeto Estrutural


A economia aparente de “pular” o projeto estrutural costuma virar prejuízo. Projetos bem feitos reduzem desperdício, garantem segurança, facilitam aprovação junto à prefeitura e protegem o valor do imóvel. Desde o cálculo da fundação até os detalhes de armação, o projeto dá objetividade à execução e serve como contrato técnico com o fornecedor de obra.


Se você quer evitar surpresas, começar a obra com segurança e manter o orçamento sob controle, procure um engenheiro civil de confiança para elaborar o projeto estrutural compatível com o seu projeto arquitetônico. intervenções preventivas e planejamento sempre saem mais em conta que correções emergenciais.


Araranguá. Arquiteto. Engenheiro.

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